→ As reflexões de Freire sobre o que determinou a "cultura do silêncio", própria da imensa maioria dos camponeses analfabetos assentados nas áreas mais pobres do Brasil, contribuíram para desenvolver uma filosofia e um método para encontrar o sentido, a natureza, os propósitos e as identidades entre os oprimidos. Trata-se simplesmente da vital e sempre necessária unidade para a libertação, parte importante de sua teoria dialógica da ação;
→Caracteriza as condições pedagógicas ou socioculturais em que as pessoas eram submetidas, no sentido de tolher a palavra. Importante era cumprir ordens, apenas;
→O silêncio aqui enfatiza que o processo de dominação se efetua porque aos dominados é negado o direito de conquistar sua palavra, o direito de dizê-la. Negar a alguém a palavra é escamotear sua condição humana, o direito de ser.
Percebo a cultura do silêncio diante da educação bancária, também. Acreditando que apenas o professor é detentor do saber, ignora-se o conhecimento prévio do aluno, sua vivência.
2- A REINVENÇÃO DA ESCOLA
Freire defende a prática educativa como espaço de produção de conhecimento e para o fortalecimento da identidade crítico - reflexiva dos educadores.
A reinvenção da escola proposta por Paulo Freire tensiona sua transformação no sentido oposto ao neoliberal (neoliberalismo: compreendido como “a ideologia que dá sustentação ao processo material concreto da reestruturação produtiva sob a lógica da globalização excludente) – naturaliza-se as relações orientadas pela lógica do lucro e não das necessidades humanas (capitalismo) –
Freire argumenta sobre a possibilidade de se criar alternativas para superar a lógica elitista, classificatória e excludente que a orienta e reconstruí-la na perspectiva da educação popular, transformando-a num espaço de debate, de tomada de decisões, de construção do conhecimento, de sistematização de experiências.
→ a reinvenção da escola situa-se na perspectiva de sua democratização;
→ para uma reinvenção da escola:
- formação permanente dos educadores;
- educadores e educandos se reconheçam e sejam reconhecidos como produtores de conhecimento no exercício crítico, curioso e criativo da experiência de ensinar-aprender-pesquisar.
A reinvenção da escola se faz no sentido de educadores se capacitarem, atualizarem para melhor exercer seu trabalho educativo, formando cidadãos críticos, participativos e que caminhem no sentido de transformação da realidade a sua volta. Ao contrário da educação bancária.
Referência Bibliográfica:
Cf. Coleção Memória Pedagogica, nº 4: Paulo Freire: a utopia do saber, Editor Manuel da Costa Pinto. Rio de Janeiro: Ediouro; São Paulo: Segmento-Duetto, 2005.
(Publicado por Márcia Pascoal – Graduanda em Pedagogia UFMG)
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