A Educação de Jovens e Adultos no Brasil e a Influência de Paulo Freire

Bem vindo ao Blog de discussão sobre Paulo Freire e a EJA no Brasil.

Esse blog foi criado no contexto das aulas de Temas Fundamentais das Ciências da Educação do curso de Pedagogia Noturno na UFMG no primeiro semestre de 2010, com o objetivo de compreendermos a influência desse educador nas práticas educacionais de EJA no Brasil e no uso de tecnologias como recurso didático na EJA, particularmente na região metropolitana de Belo Horizonte.

Pedagogia da Indignação


Desafios da Educação de adultos ante a nova reestruturação tecnológica
Resenha
Ao escrever este texto Paulo Freire retoma e discute, com atualidade, conceitos que sempre defendeu no campo pedagógico, como: a alfabetização ou educação como prática criadora, política, ética, estética e prática do conhecimento; o alfabetizando/educando como sujeito capaz de conhecer, de se envolver e criar seu próprio processo de aprendizagem; a leitura do mundo como importante processo para a leitura da palavra valorizando assim a beleza das linguagens e metáforas dos educandos/alfabetizandos, e o ato de ler e escrever como ato de transformação do mundo. Ao discutir esses conceitos Freire o faz numa nova perspectiva do contexto histórico-social da educação e da própria sociedade: o contexto da reestruturação e inovações tecnológicas que reconfiguram a forma de ser e estar, do homem no mundo, a partir de novas noções de tempo e espaço além das variadas formas de comunicação.
Como a reestruturação tecnológica é uma das expressões da produção cultural humana deve ser vivenciada e compreendida dentro de um processo dialético da produção sócio-hitórico-cultural. Sendo vista assim as tecnologias e todos os seus sistemas de produção e circulação de informações se compõem como bens culturais humanos que precisam e devem ser utilizados a partir de uma avaliação crítica de seus limites e alcances, e não como objetos ou informações com vida própria e verdades encerradas em si mesmas. Quando os bens culturais (leitura e escrita, tecnologias, sistemas de produção e circulação de informações) são compreendidos a partir dessa visão crítica e utilizados conscientemente para a transformação social, incluímos o ser humano numa relação ativa com sua história e cultura. É a partir dessa reflexão que Paulo Freire discute que a capacitação técnico-científica, dos educandos, precisa ser reesignificada deixando de ser um mero treinamento tecnológico para se tornar uma formação com conhecimentos necessários ao exercício da cidadania a partir do uso crítico desses recursos. Para isso o educando precisa ser ativo e criativo em todo seu processo de aprendizagem e compreender que a tecnologia, como bem cultural, é utilizada de forma política e não neutra, ou seja: a favor ou contra alguém ou grupos representativos; para atender certas situações e não outras; em certos grupos e não em outros, etc.


A alfabetização em televisão
Resenha

Nesse texto Paulo Freire vai resgatar o papel da mídia, particularmente a televisão, na construção e reconstrução da curiosidade humana e como muitas vezes esse instrumento de comunicação de massa cria e recria curiosidades sem nenhum nível de crítica estabelecendo verdades absolutas.
Ele começa argumentando que a curiosidade humana é o motor que promove o processo de conhecimento e que todo objeto para ser conhecido precisa ser reconhecido em seu contexto histórico-cultural. Pode-se conhecer ou apreender um objeto a partir de níveis diferentes: um a partir das preocupações puramente vitais (do dia-a-dia), gerando assim um conhecimento denominado de conhecimento do senso comum; outro a partir de resultados de procedimentos metódicos, gerando um conhecimento mais crítico. Para Paulo Freire não existe uma ruptura entre as formas de conhecer um objeto, apenas uma superação ou complementaridade (o senso comum se critiza, ou ainda, a curiosidade ingênua vai se transformando em curiosidade epistemológica), porém a superação do senso comum para uma análise crítica de um objeto não se realiza de forma automática ocorre como processo inerente de uma prática educativa essencialmente política.
Pensando na essência política de uma prática educativa democrática, Paulo Freire sugere que as mídias (como construtora e reconstrutora da curiosidade humana; como objetos culturais) sejam envolvidas no processo de educação democrática possibilitando assim a desconstrução de suas neutralidades e de suas ideologias como verdades absolutas. Nesse processo ele sugere que a comunicação seja revelada como processo político, pois se comunica algo em favor ou contra alguém ou alguma coisa nem sempre referida. Sendo ferramentas políticas, os meios de comunicação e suas mídias, poderão ser utilizados como ferramentas de comunicação dos próprios educandos.


Links de acesso à resumos e livros:
http://www.interface.org.br/revista8/livro1.pdf
Referência Bibliográfica:

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Unesp, 2000, págs. 87-110, 7ª reimpressão.


(Publicado por Simone Maria Bandeira – Pedagoga formada pela UFMG)

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